quarta-feira, dezembro 24, 2008

O QUE O NATAL DEVERIA SER?

O QUE O NATAL DEVERIA SER?


O Natal deveria ser a época em que se comemoraria o nascimento de Jesus. Deveria ser uma época de alegria por Deus ter se feito carne; se vestido de homem e ter habitado entre nós. "Deveria", mas não é.

Na verdade, o Natal se transformou na época em que as diferenças entre ricos e pobres se exacerbam. Da mesma forma que o apóstolo Paulo censurou os cristãos de Corinto por se ajuntarem e uns se empaturrarem enquanto outros passavam fome, se pode dizer, sem dúvida, que os cristãos atuais cometem o mesmo erro. Sim, é só alguém entrar em qualquer supermercado que verá a mesma diferença estampada nos preços das "Cestas de Natal".

Pior ainda é observar a guerra de presentes dos amigos secretos e dos não-secretos. Crianças ficam amuadas porque não ganharam o presente que queriam, enquanto outras também ficam tristes por ganharem presentes usados. Isso sem falar dos adultos que ficam ressentidos por ganharem presentes incompatíveis com o valor dos presentes que deram.

Ou seja, o Natal que deveria ser um acontecimento onde a Graça de Deus se manifesta, se transforma em uma data onde a des-Graça de muitos se torna evidente. Tudo isso se dá porque tornamos o Natal em uma festa exterior, com direito a decoração e música apropriada.

No entanto, não foi assim no primeiro Natal. Pelo contrário, o exterior do primeiro Natal foi repugnante aos olhos modernos, pois, Jesus nasceu cum curral de animais e com condições higiênicas inapropriadas para os padrões atuais. Na decoração do Natal de Jesus havia moscas e besouros-de-merda. O aroma era carregado por um forte fedor de urina e esterco. A música era o balido e o mugido dos animais que produziam leite e forneciam carne. Enfim, o exterior do Natal verdadeiro estava cheio de coisas que ninguém quer vê-las presentes no Natal moderno.

O primeiro Natal foi uma festa para o coração. O Natal de hoje é uma festa para a barriga, olhos e nariz.

No primeiro Natal, Jesus já havia nascido no coração dos envolvidos. Maria cria estar "grávida de Deus", mesmo quando o senso comum dizia que aquela jovenzinha havia feito era besteira e tentava acobertar com um papo sobrenatural. José, aquele que iria desposar a jovem grávida, resolveu acreditar em um sonho que dizia para ele acolher o menino que ia nascer, mesmo que isso o tornasse um "corno-manso". Os magos, que vieram adorar o menino, seguiram uma "estrela" no céu. Ora, estrelas não se movem e nem param sobre casas. Assim, também esse magos seguiram apenas o que eles criam.

Enfim, o primeiro Natal foi algo que aconteceu, primariamente, no coração dos participantes. Foi algo apenas entre eles e Deus. O primeiro Natal foi fruto apenas da Fé dos que creram primeiro e viram depois. Eles se alegraram com a verdadeira alegria do Natal: Deus fez morada entre os homens!

O Natal dos dias de hoje pode ter tudo de belo no exterior, com suas decorações, músicas, "Ceias", cestas e presentes, mas falta-lhe o essencial, que é a Fé, a alegria e a gratidão no coração por Deus estar conosco. Quando o Natal não acontece no coração, de nada adianta o resto, pois como bem disse Maria, mãe de Jesus, naquilo que se convenciou chamar de Magnificat:

"A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador, porque contemplou na humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome. A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem. Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos."

Para Maria, no primeiro Natal, quem saiu de mãos vazias foram os ricos e os poderosos, e todos aqueles que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Portanto, o Natal verdadeiro não é nada exterior, mas íntimo e profundo, algo que só acontece no coração daquele que acolhe Jesus como o maior presente. Assim, não interessa o tamanho da sua "Ceia de Natal". Não importa de quem você está acompanhado. Se Jesus faltar no Natal que acontece no mais íntimo de cada um de nós, faltou o essencial para o Natal.

Mas, não precisa ser assim. Jesus pode e e quer ser gerado em cada um de nós. Recebido por cada um de nós. Amado por cada um de nós, mas, acima de tudo, amar através de nós os nossos semelhantes. Portanto, nesse dia de Natal, estabeleça um recomeço de vida com Jesus. O melhor de tudo é que todo dia pode ser Natal para quem crer e permite que Jesus seja gerado no mais íntimo do nosso ser.


Desejo um Natal cheio da presença de Jesus para você!


Bento Souto

A Questão da Autoridade 3

Queridos,

Prometo que esse é o último da série.

Nesse ponto, talvez alguns digam: "Peraí, eu não conheço nada de Grego. Nem sei o que é Léxico. Será que não há uma maneira de saber o que o texto quer dizer?”

Eu creio que sim. Mesmo que você não saiba que existem seis diferentes palavras Gregas para "autoridade". Mesmo que você nunca tenha aberto um Léxico. Mesmo que você não saiba que as traduções da Bíblia para outras línguas modernas (Inglês, Português, Francês, etc.) só começaram a acontecer em grande escala após a Reforma Protestante, no século XVI. Ainda assim, eu creio que podemos saber o que o apóstolo Paulo quis dizer com: "Não permito que as mulheres ensinem ou tenham autoridade sobre os homens..." (BLH 2Tim 2:12)

Uma das regras básicas de interpretação da Bíblia é saber o contexto em que tal texto foi escrito. De posse disso, devemos procurar discernir se o texto se aplicava só aquela pessoa ou comunidade. Há casos claros disso nas escrituras. Jesus disse ao jovem rico: "vai, vende os teus bens, dá aos pobres" (Mat. 19:21). Será que isso significa que todos os ricos devem vender tudo que possuem e doar aos pobres? Ou será que Jesus se dirigia somente ao jovem rico? Paulo disse: "Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso, que rape o cabelo" (1 Cor 11:6) Imagine qual seria a reação naquela comunidade que obriga as mulheres a vestirem véu, se alguma mulher aparecesse de cabeça rapada?

Ou seja, uma das principais tarefas daqueles que querem seguir a Jesus é saber interpretar o que é regra para todos os cristãos, e o que é admoestação para uma única comunidade. Estou convencido que havia um problema maior em relação às mulheres naquela comunidade a quem Paulo escreve. Não podemos saber com certeza, mas existem várias pistas de que Paulo não estava estabelecendo uma regra para todas as igrejas e em todas as épocas nesse texto.

Você pensa diferente? Você acha que esse é um princípio eterno? Você pensa que todas as igrejas em todas as épocas devem seguir esse princípio? Penso que isso é um direito seu. Creio que você pode pensar assim. Talvez eu esteja enganado. Contudo, se você pensa assim, eu tenho uma última surpresa para você. O texto de 1 Timóteo 2:12 não diz apenas "Não permito que as mulheres ensinem ou tenham autoridade sobre os homens..." Não! Ele diz mais do que isso.

Se bem que só ele já seria suficiente para acabar com a esmagadora maioria de nossas igrejas. Veja que o texto diz claramente que Paulo não permite "que as mulheres ensinem". Há mulheres ensinando na igreja que você freqüenta? Se há, como você explica o fato de sua igreja estar desobedecendo a essa ordem "para todas as igrejas e para todas as épocas?”


Se isso não bastasse, o versículo não só proíbe as mulheres de ensinarem e exercer autoridade sobre os homens, ele vai mais longe. Veja o que diz o versículo inteiro: "Não permito que as mulheres ensinem ou tenham autoridade sobre os homens; elas devem ficar em silêncio" (BLH 2Tim 2:12). As mulheres ficam em silêncio ou elas falam na igreja que você freqüenta? Se elas ensinam algo ou não mantém silêncio, sua igreja não está cumprindo o mandamento do apóstolo Paulo.

Se você ainda tiver tentado a pensar que apenas nesse versículo o apóstolo Paulo diz que as mulheres não devem ensinar e nem falar, eu tenho algo mais para lhe mostrar. "As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres falem na igreja" (1 Cor 14:34-35 Revista e Corrigida). Note que Paulo diz ser "indecente" para as mulheres o falar na igreja. Elas só podem aprender algo através dos seus maridos. Não diz nada sobre solteiras ou viúvas. A quem elas deveriam perguntar?

Meus amados irmãos e irmãs sejamos sinceros. Não há nenhuma outra razão para assumirmos que apenas uma parte desses versos deve ser tomada como princípio, senão o nosso machismo e a "dominação" maldita que os homens tem exercido sobre as mulheres desde a Queda. Por que consideramos apenas à parte da mulher ficar calada ou ensinar na igreja como algo dirigido apenas à comunidade daquela época? Por que não somos honestos e assumimos, perante Deus, que se quisermos impedir que mulheres a quem Deus deu o dom de pastorear, por causa desse versículo, temos que impedir que elas ensinem ou falem em nossas igrejas?

Creio que não posso fazer melhor sumário do que o do Pr. Alfredo Oliveira, quando escreveu: "No meu entendimento para ser contrário às Pastoras, precisaria ser contrário a que todas as mulheres exercessem qualquer ministério na Igreja, e não apenas o Pastoral".

Desejo finalizar deixando claro que respeito à opinião daqueles que são contrários a Ordenação de Mulheres ao Pastorado. Não os considero menos ou mais amorosos a causa do Evangelho por causa disso. Oro por eles e peço que eles orem por mim. Tão somente peço que meditem no que eu tentei dizer. Eu sei e espero que todos saibam que o nosso problema é de interpretação da Bíblia e da ação de Deus na História. Por isso termino com as palavras que me inspiraram a escrever essa série.

"Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas?”(Lucas 10:26)

Abraço

Bento Souto

A Questão da Autoridade 2

Queridos,

Continuando a série.

"Não permito que as mulheres ensinem ou tenham autoridade (authenteo) sobre os homens..." (BLH 2Tim 2:12).

Depois de cinco palavras para "autoridade" (exousia, archon, katexousiazo, exousiazo e huperoche) o apóstolo Paulo usa mais uma nesse versículo, "authenteo". Por que ele faz isso? Por que ele não usou nenhuma das outras cinco palavras para "autoridade"? Seria muito mais fácil para captarmos o sentido, não seria?

Entretanto, temos que buscar o sentido dessa palavra "authenteo", concorda? Uma boa maneira de sabermos isso é procurar em que outros versos dessa epístola o apóstolo usou essa mesma palavra, não é? Pois bem, apesar de ter dito que nós devíamos "orar pelas autoridades" (1 Tim 2:2), Paulo não usou "authenteo" nesse versículo. Em 1 Tim 2:2, ele usou "huperoche". Assim, não vai ser possível descobrir o sentido de "authenteo" nessa epístola.

Quem sabe não devamos olhar nas demais epístolas que Paulo escreveu? Façamos isso. Apesar de termos a palavra "autoridade" várias vezes (10 vezes na versão Revista e Atualizada, 6 vezes tanto na Revista e Corrigida quanto na Linguagem de Hoje) nas epístolas de Paulo, somente uma vez (no verso em questão) ele usou "authenteo". Dessa forma, não é possível saber o sentido da palavra "authenteo" em outros versos dos escritos de Paulo.

Bem, mas não foi apenas Paulo quem escreveu o Novo Testamento. Com certeza, devemos buscar nas demais epístolas e Evangelhos onde foi que eles usaram "authenteo" para descrever autoridade. Afinal, 68 vezes aparece a palavra "autoridade" na edição Revista e Atualizada da tradução de João Ferreira de Almeida. Não é possível que "authenteo" não apareça em nenhum outro lugar, concorda?

Para minha surpresa (espero que sua também!) "authenteo" não é usada em nenhum outro texto e por nenhum outro escritor do Novo Testamento. Ou seja, não é possível comparar o sentido de "authenteo" em outros textos do Novo Testamento. Para piorar ainda mais, todos os textos originais que eu possuo (Stephen's Textus Receptus [1550], Byzantine/Majority Textform Greek New Testament, Scrivener's Textus Receptus [1881] e Nestle Aland 26th Edition Greek New Testament) usam a mesma palavra, "authenteo", somente no versículo
que estamos discutindo.

Ou seja, mesmo a tarefa lingüística de descobrir o que Paulo quis dizer com "Não permito que as mulheres... tenham autoridade (authenteo) sobre os homens..." não é uma tarefa fácil. Temos que recorrer aos Léxicos se quisermos ter um melhor entendimento.

Em Enhanced Strong's Lexicon (Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc. 1995), a seguinte explicação é apresentada.

831 authenteo
1) alguém que com suas próprias mãos mata outro ou a si mesmo
2) alguém que age em sua própria autoridade, autocrático
3) um mestre absoluto
4) governar, exercer domínio sobre alguém

Em Liddell, H. G., and Scott, Abridged Greek-English Lexicon, (Oxford: Oxford University Press - 1992), "authenteo" quer dizer "ter completo poder sobre".

Já o Louw, Johannes P. and Nida, Eugene A., Greek-English Lexicon of the New Testament based on Semantic Domains, (New York: United Bible Societies - 1988, 1989) diz o seguinte:

37.21 authenteo: controlar de maneira arrogante (tiranizadora), controlar, dominar. "Controlar de uma maneira dominante" é freqüentemente expressado idiomaticamente, por exemplo, "gritar ordens para", "agir como um chefe para", ou "latir para".

Através dos Léxicos "salta aos olhos" o sentido de "authenteo". Todos falam de um domínio exacerbado, quase sangrento. Esse tipo de domínio foi condenado por Jesus. Ele disse: "Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva" (Mateus 20:25,26). O apóstolo Pedro se dirigiu aos que pastoreiam nos seguintes termos:

"Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho" (1 Ped 5:2,3).

Devido a esses fatores podemos concluir que esse tipo de autoridade (authenteo) que Paulo diz, as mulheres não devem exercer sobre os homens, também eles não devem exercer sobre elas. Pois essa atitude não é cristã! Pastores, diáconos e líderes que pensam exercer esse tipo de autoridade (authenteo) sobre suas igrejas e liderados estão agindo em desacordo com as Escrituras e o ensino de Jesus.

Na igreja de Jesus Cristo, deve se exercer a liderança, de acordo com o ensino do NT, através do exemplo no serviço e do ensino. Não é à toa, eu creio, que uma das maldições lançadas sobre a mulher, após a Queda, foi "o teu desejo será para o teu marido e ele te dominará" (Gen. 3:16). Você conhece alguma explicação convincente para "o teu desejo será para o teu marido"? A maioria das que eu já vi soam como benção. Contudo, o texto de Gênesis nos diz claramente que isso é uma maldição! Todavia, após ler tudo isso, certamente você sabe o que significa "e ele te dominará".

Bem, isso nos deixa com um problema. Como iremos interpretar o texto em questão? "Não permito que as mulheres ensinem ou tenham autoridade (authenteo) sobre os homens..." (BLH 2Tim 2:12).

Por questões de espaço, a resposta fica para o próximo artigo.

Abraço Bento Souto

terça-feira, dezembro 23, 2008

A Questão da Autoridade 1

Queridos,

Não posso terminar essa série sem falar de uma passagem que representa grande problema para os defensores (e também para aqueles que desejam aquiescer em favor) da Ordenação Feminina. Digo isso por experiência própria, pois esse foi o verso que me tornou por muito tempo opositor da Ordenação de Mulheres ao Pastorado.

"Não permito que as mulheres ensinem ou tenham autoridade sobre os homens..." (BLH 2Tim 2:12)

Ainda que pesem os argumentos até aqui apresentados, se não houver uma explicação lógica e sensata para esse verso, de nada terá valido o esforço. A maioria atual dos cristãos entende existir nessa passagem uma proibição a Ordenação de Mulheres ao Pastorado. Se essa passagem for mesmo uma proibição, então, todos os favoráveis a Ordenação Feminina estão errados, pois desobedecem a uma proibição clara das Escrituras. Contra uma proibição da Palavra de Deus não há argumentos! Se Deus proíbe algo, nada há que o justifique. Assim, é mais do que necessário uma explicação para esse verso. Nesse ponto somos obrigados a responder a pergunta de Jesus:

"Que está escrito na Lei? Como interpretas?" (Lucas 10:26)

O apóstolo Paulo, nesse verso, diz não permitir "que a mulher tenha autoridade sobre os homens". O que será que significa isso? A palavra "autoridade" aparece 68 vezes no texto do Novo Testamento da edição da Revista e Atualizada de Almeida - SBB 1997. Todavia, no original Grego, existem várias palavras para "autoridade".

A primeira delas é "exousia" e ela é a mais usada para designar "autoridade" no Novo Testamento. Mateus nos diz que Jesus "ensinava como quem tem autoridade (exousia) e não como os escribas" (Mat. 7:29).O centurião que disse não ser digno de receber Jesus em sua casa era "homem sujeito à autoridade (exousia), tenho soldados às minhas ordens..." (Mat. 9:9). Após a ressurreição "Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder (exousia) no céu e na terra" (Mat. 28:18). Assim, podemos perceber que a "exousia" significa autoridade de governar, poder de comandar e ser obedecido. Contudo, não foi "exousia" que Paulo disse não permitir que a mulher exercesse sobre os homens no verso que estamos analisando.

A segunda palavra usada para "autoridade" é "archon". Ela também é muito usada no NT, especialmente quando a Bíblia fala de governantes, comandantes, líderes, príncipes, comandantes, etc. Em Romanos 13:3 lemos "Porque os magistrados (archon) não são terror para as boas obras, mas para as más.

Queres tu, pois, não temer a autoridade (exousia)? Faze o bem e terás louvor dela“. Quando Ananias mandou bater em Paulo, e em resposta Paulo xingou ele de “parede branqueada" (um aforismo significando hipócrita), os que estavam perto alertaram Paulo que Ananias era o sumo sacerdote. Ao ouvir isso "Respondeu Paulo: Não sabia, irmãos, que ele é sumo sacerdote; porque está escrito: Não falarás mal de uma autoridade (archon) do teu povo" (Atos 23:5). Apesar disso, não foi "archon" que Paulo proibiu a mulher de exercer sobre o homem.

A terceira palavra usada para "autoridade" é "katexousiazo". Ela só aparece duas vezes no Novo Testamento. Em Mateus 20:25 "Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade (katexousiazo) sobre eles". E também em Marcos 10:42 "Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade (katexousiazo)". Porém, não foi
"katexousiazo" que Paulo proibiu as mulheres de exercerem sobre os homens.

A quarta palavra usada para "autoridade" é "exousiazo". "Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade (exousiazo) são chamados benfeitores" (Lucas 22:25). Parece que tanto "katexousiazo" quanto "exousiazo" significam a autoridade (exousia) sendo exercida. Um fato curioso é que Paulo usou "exousiazo" num texto que tem muito a ver com o que estamos analisando. "A mulher não tem poder (exousiazo) sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder (exousiazo) sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher (1Cor 7:4)".

Paulo também usa "exousiazo" num verso muito bonito. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar (exousiazo) por nenhuma delas" (1Cor 6:12). Portanto, se Paulo usasse "exousiazo" para dizer que não permitia que a mulher exercesse autoridade sobre o homem, a interpretação seria mais fácil. Mas ele não usou "exousiazo".

A quinta palavra usada para "autoridade" é "huperoche". Ela aparece apenas duas vezes no NT. Uma delas é numa admoestação para orar "em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade (huperoche), para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito" (1Tim 2:2). E a outra é relativo a palavras usadas por Paulo na pregação. "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, unciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação (huperoche) de linguagem ou de sabedoria" (1Cor 2:1). Segundo Thayer, "huperoche" significa elevação, preeminência, superioridade. Entretanto, não foi essa a palavra que Paulo escolheu no nosso texto da autoridade da mulher sobre o homem.

A essa altura você deve estar pensando se será possível existir ainda mais uma palavra Grega para autoridade, não é? Pois bem, existe. E foi exatamente ela que Paulo utilizou. "Não permito que as mulheres ensinem ou tenham autoridade (authenteo) sobre os homens..." (BLH 2Tim 2:12). O que será que significa "authenteo"? Onde mais, no Novo Testamento, a palavra "authenteo" é usada?

Isso é assunto para o próximo artigo.

Abraço


Bento Souto

Por que só agora, 2.000 anos depois, foi que o Espírito Santo convenceu a Igreja a ordenar mulheres ao Pastorado?

Queridos,

Por que só agora, 2.000 anos depois, foi que o Espírito Santo convenceu a Igreja a ordenar mulheres ao Pastorado?

Continuando a série de respostas aos argumentos mais comuns contra a Ordenação de Mulheres ao Pastorado, aqui vai mais um.

3 - Por que só agora, 2.000 anos depois, foi que o Espírito Santo convenceu a Igreja a ordenar mulheres ao Pastorado?

Será que esses que são favoráveis a ordenação de mulheres ao pastorado não percebem que isso é invencionice? Será que eles não percebem que o Espírito Santo não passaria 2.000 anos sem convencer a Igreja de Cristo (invisível) desse erro? Será mesmo?

A lógica por trás desse argumento é que o Cristianismo atual já chegou a um estágio onde não há mais o que descobrir de errado no "mundo". Parece que tudo que existe de errado já foi desmascarado. Não é possível que algo praticado durante tantos séculos, na Igreja, possa ser errado aos olhos de Deus. Não seria muita presunção de nossa parte, pensar assim?

Em primeiro lugar, devemos lembrar que muito do que disse anteriormente sobre DEMOCRACIA, ESCRAVIDÃO, ECOLOGIA, etc., se aplica a mesma lógica da Ordenação de Mulheres ao Pastorado. Se ordenar mulheres ao pastorado for considerado errado porque o Espírito Santo deixou passar quase 2.000 anos sem convencer a Cristandade do erro, então, muita coisa que consideramos errada, atualmente, deve ser revista, haja vista que por séculos isso não foi considerado um erro.

A ESCRAVIDÃO ainda não completou duzentos anos que foi abolida do meio cristão. A DEMOCRACIA não tem ainda trezentos anos de idade. E a ECOLOGIA ainda não tem cinqüenta anos. Por que o Espírito Santo não convenceu os homens a agir de forma correta em relação a essas questões por tanto tempo? Eu não sei. Deus tem as suas razões. Talvez uma delas seja a dureza dos nossos corações. Entretanto, de uma coisa eu estou convencido: a antiguidade de um costume não é garantia da aprovação de Deus.

Por essa razão, creio que a Tradicionalidade da Não Ordenação de Mulheres ao Pastorado não é garantia de aprovação do Espírito Santo a essa prática. ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, DEMOCRACIA E ECOLOGIA também não faziam parte da Tradição Cristã e nem de sua Teologia. Como essas são questões que foram tratadas por outros, antes de nós, desfrutamos do conforto de julgá-las com o apoio da História. Todavia, a Ordenação de Mulheres ao Pastorado é uma questão que a História e o Futuro são quem dirão quem estava Certo e quem estava Errado. Lógico, que isso acontecerá se o Nosso Senhor não voltar antes.

Mesmo que no plano original para a Igreja de Cristo não houvesse a intenção de usar mulheres no Ministério Pastoral, e por isso Jesus não nomeou apóstolas, será que isso significaria que nunca poderia haver mudança? Será que encontramos na Bíblia um plano original sendo modificado no decorrer do tempo? Será que há precedente bíblico para uma ação desse tipo? Estou convencido que sim.

O sacerdócio levita foi algo instituído por Deus (Num 1:50). Tanto o cerimonial do Tabernáculo quanto as atividades dos levitas foram claramente descritos por Moisés. Arão foi o primeiro Sumo Sacerdote. Apesar dessa instituição ter sido ordenada por Deus ela sofreu alteração no Plano Original muito antes de Jesus vir ao mundo. Lembrem que, sem pedir licença ou autorização, Deus enviou profetas ao povo. Esses profetas diziam que Deus se agradava mais de "misericórdia do que de sacrifícios". Como isso é possível se foi Ele mesmo que instituiu o Sistema Sacrificial? A verdade é que Deus não pede licença aos homens para mudar os Seus planos ou Sua forma de agir.

Um dos maiores exemplos desse conflito pode ser observado nas palavras de Jesus em resposta aos principais sacerdotes, conforme Mateus 21:23-27. Jesus diz que responderá de onde vem à autoridade dEle se os sacerdotes responderem se o batismo de João era do céu ou dos homens. Os sacerdotes "discorriam entre si: Se dissermos: do céu, ele nos dirá: Então, por que não acreditastes nele? E, se dissermos: dos homens, é para temer o povo, porque todos consideram João como profeta. Então, responderam a Jesus: Não sabemos. E ele, por sua vez: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas".

Tenho a opinião que o "batismo de João" e a Ordenação De Mulheres ao Pastorado possuem grandes similaridades. Não existe instrução para "batizar" ninguém no Velho Testamento. Apesar da comunidade judaica praticar o batismo de gentios que se convertiam ao Judaísmo - ainda que sem respaldo bíblico - o batismo de João era diferente, pois ele batizava tanto gentios quanto judeus. Lembremos que Jesus (que era judeu) foi batizado por João.

Acho extremamente interessante a pergunta de Jesus. Ele pergunta se o "batismo de João era do céu ou dos homens". Ele não pergunta se era de Deus ou do Diabo. Pelo contrário, ele pergunta se era invenção humana ou divina. A mesma coisa acontece com a Ordenação de Mulheres ao Pastorado. Ela não foi inventada por pessoas que não amam a Jesus. Ela não foi criada em Igreja de Satanás. Pelo contrário, ela acontece com pessoas que amam a Jesus de todo coração. Por isso, a pergunta permanece: ela é do céu ou é invenção humana?

Mais interessante ainda é notar que os teólogos se negaram a aceitar que João era profeta, enquanto o povo não só o fez, como amava João. Estou convencido que Deus deseja que decidamos se Ordenação de Mulheres é do céu ou é dos homens. Só espero que a sua resposta não seja: "não sabemos".

Termino relembrando as palavras de Jesus.

"Que está escrito na Lei? Como interpretas?" (Lucas 10:26)

Abraço
Bento Souto

2 - A Igreja Ordenar Mulheres ao Pastorado é querer imitar o Mundo!

Queridos,

Dando continuidade a série de respostas aos argumentos mais frequentes contra a Ordenação de Mulheres ao Pastorado, apresento a seguir o segundo argumento.

2 - A Igreja Ordenar Mulheres ao Pastorado é querer imitar o Mundo!

A Ordenação de Mulheres não nasceu na Bíblia. Ela não é imitação do modelo bíblico, mas sim, imitação do modelo Feminista do Mundo. A Igreja não pode "tomar a forma do mundo", mas deve "transformar o mundo". As raízes dessa prática estão no Movimento Feminista e no Modernismo.

Será isso mesmo?

Sem dúvida, a Igreja de Jesus Cristo é conclamada à "transformar o Mundo". Aqueles que "nasceram de novo", não são "deste Mundo", mas são cidadãos da Pátria Celestial. Entretanto, me parece que não sabemos muito bem o que significa esse "Mundo" ao qual não devemos nos conformar.

Há várias palavras no Novo Testamento Grego que são traduzidas por "Mundo" em Português. A mais usada é "kosmos" (186 vezes em 151 versos). Foi "kosmos" que o Diabo quis dar em troca pela adoração de Jesus (Mat.4:8). Também foi "kosmos" que Deus amou tanto que "deu seu Filho Unigênito" (João 3:16). Jesus é (e nós temos a obrigação de ser) a luz do "kosmos" (Mat. 5:14). Mais ainda, "Que aproveita ao homem ganhar o 'kosmos' inteiro e perder a sua alma?" (Mar 8:36)

Ademais, claríssimas são essas revelações de Jesus:

a)"Se vós fôsseis do 'kosmos', o 'kosmos' amaria o que era seu; como, todavia, não sois do 'kosmos', pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o 'kosmos' vos odeia" (Jo 15:19).

b)O inimigo de nossas almas é príncipe do kosmos. "Chegou o momento de ser julgado este 'kosmos', e agora o seu príncipe será expulso" (Jo 12:31).

c) Por último, essa revelação do apóstolo João: "Sabemos que somos de Deus e que o 'kosmos' inteiro jaz no Maligno (1Jo 5:19).

Outra palavra também traduzida por "mundo" é "oikoumene" (24 vezes em 24 versos)."E será pregado este evangelho do reino por todo o 'oikoumene'..." (Mat. 24:14). José e Maria foram a Belém se alistar porque "saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo
(oikoumene) se alistasse" (Lucas 2:1). Enquanto Mateus diz que o Diabo ofereceu "kosmos" para Jesus adorá-lo (Mat.4:8), Lucas nos diz que Satanás ofereceu "oikoumene" (Lucas 4:5). Os cristãos foram acusados de colocar o "oikoumene" (mundo) de cabeça para baixo (At.17:6). Paulo foi acusado de promover sedições entre os judeus espalhados pelo "oikoumene"
(At.24:5). Os eruditos nos dizem que "oikoumene" quer dizer o "mundo habitado", e "oikoumene" era usada para descrever as áreas sob domínio do Império Romano.

Bem, imagino que a essa altura muitos já estarão convencidos que o "Mundo" que nós, cristãos, não deveríamos nos conformar é kosmos ou oikoumene. Para surpresa de muitos, a palavra de onde traduzimos "Mundo" em Romanos 12:2 é "aion" (123 vezes em 98 versos), ou "aeon" como ficou conhecido em Português. "E não vos conformeis com este 'aion', mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".

"Aion" significa um período de tempo, uma era. Há também uma conotação de "continuidade". A sabedoria de Deus se contrasta com a do "aion" (1Cor 2:6). Em 1Cor 1:20 encontramos o uso de kosmos e aion "Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século (aion)? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo (kosmos)?" Entretanto, "aion" também pode ser usado para designar o porvir, como em Lucas 20:35, "mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo (aion) vindouro e a ressurreição dos mortos..."

Resumindo, não é uma tarefa tão fácil descobrir o sentido de "mundo" na Bíblia. Contudo, acho que se pode inferir que apesar de Deus ter criado e amado o mundo, há um "mundo" (sistema de valores) dominado por Satanás e que se encontra em oposição a Deus e aos cristãos. Nossa grande tarefa é identificar tudo aquilo que se opõe aos valores ensinados por Jesus Cristo é lutar contra. Da mesma forma, necessitamos identificar aquilo que faz parte do "mundo" criado por Deus e que reconhecemos como sendo "valores de Deus".

NÃO POLUIR OS RIOS, MARES E A TERRA não é uma recomendação que encontremos explicítamente na Bíblia. Por causa disso, será que todo cristão que se engajar na defesa do nosso meio-ambiente está se "conformando ao mundo"? Afinal, esse movimento de defesa da Natureza não nasceu dentro da Igreja. Pelo contrário, ele nasceu no ambiente acadêmico, marcadamente povoado por pessoas sem compromisso com Cristo. Será que devido a origem dessa causa os cristãos devem lutar contra ela?

A História tem mostrado que apesar dos erros, a Igreja de Cristo tem sabido reconhecer os "valores de Deus" mesmo quando os encontra fora da Igreja. Não há condenação na Bíblia para a POLIGAMIA. Nas culturas orientais (de onde procede o Judaísmo e o Cristianismo) essa prática era
(ainda é, em alguns lugares) aceita normalmente. Quando o Cristianismo entrou em contato com o Mundo Romano (Ocidental) percebeu que naquela cultura a POLIGAMIA não era aceita. Os cristãos foram sábios o suficiente para reconhecer nesse "costume do mundo", os "valores de Deus". Entretanto, se a POLIGAMIA não era aceita no Mundo Romano, o adultério era. Mais uma vez o Cristianismo teve sabedoria para passar a defender a MONOGAMIA, condenar a POLIGAMIA e continuar a condenar o ADULTÉRIO.

Que dizer da DEMOCRACIA? Onde está ela ensinada na Bíblia? No Judaísmo ela não era praticada. Não há nenhuma menção à ela na Bíblia. Pelo contrário, os únicos sistemas mencionados são a Teocracia (o preferido) e a Monarquia (o aceito). Reconhecidamente, a DEMOCRACIA é uma invenção humana, portanto, "do mundo". A História nos mostra que a DEMOCRACIA nasceu na Grécia dos inúmeros deuses. Ela floresceu sob a benção do Panteão. Contudo, esse é o regime preferido pela esmagadora maioria dos cristãos atuais. Será que não estamos a "imitar o mundo"? Temos que reconhecer que a DEMOCRACIA não está na Bíblia, mas ela é (pelo menos em minha opinião) um dos "valores de Deus" presentes no "Mundo".

Temos que ser honestos o suficiente para reconhecer que a ESCRAVIDÃO também não é condenada na Bíblia. O que podemos encontrar nas escrituras são exortações para não maltratar os escravos. Não existe na Bíblia nenhuma proibição quanto a possuir escravos. Será que não estamos "imitando o mundo" ao condenar a ESCRAVIDÃO? Afinal de contas, essa condenação da ESCRAVIDÃO não é bíblica! Ou será que os cristãos foram sábios para reconhecer na ESCRAVIDÃO uma negação dos "valores de Deus"?

Estou convencido que os cristãos foram mais sábios do que os atenienses. A tão propalada DEMOCRACIA Grega de Atenas só valia para os trinta ou quarenta mil habitantes livres. Para os cerca de duzentos mil escravos que viviam em Atenas, DEMOCRACIA era algo que a eles não se aplicava. O Cristianismo teve sabedoria (apesar da demora) para abraçar a DEMOCRACIA, mas condenar a ESCRAVIDÃO!

Essa é a tarefa principal do cristão: reconhecer os "valores de Deus" e envidar todos os esforços para vê-los implantados. Da mesma forma, carecemos desesperadamente de discernimento para reconhecer "os valores do mundo" e extirparmo-los dos nossos arraiais.

Pelas razões acimas apresentadas, espero que tenha ficado claro que algo não é errado só porque não nasceu dentro da Igreja ou porque não está na Bíblia. Ou seja, "imitar o mundo" nem sempre é errado! "Imitar o mundo" é errado quando o que imitarmos for explicitamente proibido na Bíblia. Alguém pode me mostrar onde é que a Bíblia diz, explícita ou implicitamente, ser proibido "ordenar mulheres ao pastorado"?

Lembremos mais uma vez as palavras de Jesus: "Que está escrito na Lei? Como interpretas?" (Lucas 10:26).

Abraço Bento Souto

segunda-feira, dezembro 22, 2008

1 - Jesus escolheu APÓSTOLOS e não "APÓSTOLAS".

Queridos,

"Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas?" (Lucas 10:26)

Quando vejo textos como esse, sempre sou lembrado de que não é suficiente apenas saber o que está escrito na Bíblia. Precisamos ir além. Necessitamos ter a interpretação correta. Tenho acompanhado o debate sobre a Ordenação de Mulheres ao Pastorado e pude observar que dentre os argumentos contrários, alguns são predominantes. Pretendo examiná-los e ver se são consistentes. Talvez o mais usado seja:

1 - Jesus escolheu APÓSTOLOS e não "APÓSTOLAS".

Quantas vezes não já vimos esse argumento? A lógica dele é que se Jesus quisesse que tivéssemos mulheres como pastoras Ele teria convocado mulheres para o Apostolado. Como todos os 12 apóstolos eram homens fica provado que Jesus nunca quis mulher no ministério. Portanto, todos aqueles que são favoráveis ao ministério pastoral feminino são contrários ao exemplo de Jesus. Será isso mesmo?

Se aplicarmos essa mesma lógica acima em outras situações teremos um grande problema. Em Lucas 9:57-62 é tratada a questão daqueles que "querem seguir à Jesus". O primeiro é identificado como "alguém" (v. 57), portanto, de gênero indefinido. Todavia, a resposta de Jesus (v. 58) é atribuída como sendo a um homem por várias traduções (King James, American Standard, Revised Standard, Geneva Bible, etc.). As versões portuguesas (Almeida, Bíblia de Jerusalém e na Linguagem de Hoje) preferem manter o gênero indefinido.

Contudo, quando nos é apresentado o segundo personagem (v.59), todas as versões nos dizem que era um homem, pois traduzem dessa forma "A outro disse Jesus: "Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai". As próprias versões portuguesas são unânimes nessa tradução. Também, o uso de "A outro" significa que consideram o primeiro candidato como Homem.

O terceiro candidato também é um homem. O verso 61 inicia assim "Outro lhe disse...". Portanto, todos os três candidatos a seguir Jesus são homens. Ademais, não há nenhum registro nos Evangelhos de Jesus conclamando uma mulher a seguí-lo. Será que isso significa que nenhuma mulher deve seguir Jesus, haja visto que ele não convidou nenhuma?

Porém, o problema maior aparece logo em seguida ao texto anterior. Em Lucas 10 temos o relato de Jesus enviando setenta missionários. Em nossas traduções, o gênero das palavras usadas são masculinas. O próprio verso primeiro inicia com essa expressão "E, depois disso, designou o Senhor ainda [outros] setenta..." Como se não bastasse o uso de palavras masculinas ainda existe o uso de "outros". Isso significa que esse "outros" está ligando o verso primeiro do capítulo 10 ao contexto dos versos 57 a 62 do capítulo 9. Portanto, pela mesma lógica, os setenta seriam homens.

A exegese desses textos demonstra que os missionários enviados por Jesus eram homens. Também, vale salientar que os missionários enviados pelas Igrejas do Novo Testamento eram homens. Se essa era a regra, onde foi que nós, batistas, fomos buscar autorização para enviar "missionárias"? Onde está o embasamento bíblico para essa prática? Jesus não escolheu e nem enviou "missionárias", por que nós temos essa prática?

Em resumo, se alguém se opõe a Ordenação de Mulheres ao Pastorado baseado na premissa de que Jesus não chamou "apóstolas", então, da mesma forma, se esse alguém for honesto, terá que se opor também ao envio de "missionárias", pois Jesus também não enviou mulheres.

Que atitude tomaremos?

Reconhecemos que o argumento da ausência de "apóstolas" é falho para impedir a Ordenação de Mulheres, ou vamos impedir qualquer mulher de ser missionária?

Abraço

Bento Souto

quinta-feira, dezembro 04, 2008

FAZENDO UMA VISITINHA A JESUS!

Encontrar Jesus parece ser o sonho de todos, ateus e crentes.

-- Na casa em que Jesus morava não tinha TV; não tinha geladeira ou fogão a gás; não tinha água encanada e nem chuveiro elétrico ou frio. Não havia ar-condicionado e nem ônibus ou carro. Ninguém entregava pizza e nem havia McDonalds. Ninguém lá tinha Orkut ou celular. Não dava pra sentar no sofá ou cadeira, pois também ninguém tinha isso lá. Na verdade, a casa em que Jesus morava nem podia ser chamada de casa, pois era um barraquinho de pau-a-pique, com folhas de palmeiras no lugar de teto. Não havia banheiro e nem papel higiênico. Á noite, a escuridão era total e ficava parecendo que tinha faltado energia. Só que a energia nunca voltava, pois, ela não havia sido inventado ainda. Jesus não tinha cama e dormia numa esteira no chão...

-- Ah, então eu só queria ir visitar Ele. Me desculpe, mas morar com Ele eu não queria, não -- disse a menina de nove anos de idade com quem eu conversava.

Aquela menina expressava, em sua inocente honestidade, uma grande verdade. Ateus e religiosos afirmam querer "encontrar" Jesus. Mas, diante da descrição de onde e como Jesus vivia, poucos admitem que desejam apenas fazer uma visitinha. Morar com Ele naquelas condições? De jeito nenhum! Afinal, como diz a Organização Mundial de Saúde, pessoas que vivem nessas condições são consideradas como Miseráveis. Outros vão mais longe e denominam esses miseráveis como "esquecidos de Deus".

E você? Gostaria de viver com Jesus ou só vistá-lo?

Pense nisso!


Abcs Bento

quarta-feira, dezembro 03, 2008

UM GESTO DIGNO DE NOTA

Queridos (as),


Salomão, o famoso rei de Israel, já dizia que há mais sabedoria na casa do luto do que na casa da alegria.

Ontem, eu fui ao funeral de uma senhora já idosa que veio a falecer após passar algumas semanas em coma. Lá, vi e ouvi os filhos dela acertarem o que iriam fazer com todas as roupas que ela possuía:

-- VAMOS DOAR TUDO PARA AS VÍTIMAS DESSA CATÁSTROFE EM SANTA CATARINA. VAMOS FICAR COM A SAUDADE DELA E NÃO COM AS COISAS. ELA IRIA GOSTAR MUITO DISSO.

Em silêncio, no meu coração, agradeci a Deus por me conceder o privilégio de ver tamanha Catedral de Amor e adoração a Deus erguida em um ambiente tão indesejável. Senti a presença de Jesus ali, pois vi filhos honrando pai e mãe.

Que Deus me conceda o privilégio de amar mesmo quando a dor bater a minha porta.


Abcs Bento